"Você não sente, não vê, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo, que uma nova mudança em breve vai acontecer. Uma nova mudança em breve. É o que a cada punhado de tempos eu costumo repetir. Parece uma faminta e insaciável vontade de mudar, que não se satisfaz em goles ou garfadas de amor e cor. Nem tão pouco se admite a metamorfose ambulante que os clichês insistem em barrar na porta da casa do novo. E assim segue. Muda roupa, muda cabelo, gira a antena a todo instante e o canal continua chuviscando. O lá menor que deveria soar por muitas primaveras, dá lugar a um sol diminuto, muitas vezes querendo ser maior sem dissonância. Quem sabe um dia ele consiga, tal vulnerável à dança do tempo que ele mesmo se encontra. E o mundo muda. O mundo mudo. Por baixo dos panos, dos tapetes e lençóis ao fim-de-tarde congelante. Antes que chegue a noite, e mude de cansaço a caminho de letras. E chegue até aqui.

Como Poe, poeta louco americano,
- Eu pergunto ao passarinho: "Blackbird, o que se faz?"
"Raven never raven never raven"
Blackbird me responde
Tudo já ficou pra trás
"Raven never raven never raven"
Assum-preto me responde
O passado nunca mais.


Passado não é algo negativo, mesmo que as cores e as coisas mudem a cada suspiro. Passado é um futuro que foi dado de presente à mudança, à dança do tempo. E aqui chegou. E logo ali chegará."



Por: Motta. Inspirado em Elis Regina.
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Beijo à todos!

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